|Maternidade| Nove Meses já Voaram
Foto: Ana Filipa Oliveira |
E nesse voar levou os medos e as dificuldades do início. Quando regressei com a nossa bebé para casa... foi tanta transformação no meu corpo, nas minhas emoções... no meu sono, que nem sempre consegui serenidade... vivi em estado de ansiedade e cansaço. Pelo menos, foi assim comigo. Contigo foi diferente? Mas lá passados os primeiros meses, 4 -6 meses, essa poeira assentou e comecei realmente a desfrutar e viver com tranquilidade cada dia.
Nesse começo de vida, ela era tão pequena que ficava sobre o meu peito e sobrava espaço... Era tão maleável que parecia que se ia desmanchar... E ela ainda tinha tanto a aprender...engasgava-se ao beber o leite, bolsava tanto que por vezes pensava que era vómito, e ia para o médico; não arrotava e acordava em dor; fazia barulhos que parecia de falta de ar, e eu quase não conseguia dormir com medo que lhe acontecesse alguma coisa ( o médico dizia que era normal, pois a ingestão do leite pressionava os pulmões); tinha uma respiração muito ofegante, parecia que tinha problemas respiratórios, mas era próprio da sua maturidade; sustia a respiração, ficando muito vermelha, e depois de parar a respiração, chorava compulsivamente, o médico contou-nos que isso era reacção a algum desconforto; não queria dormir na sua caminha, mesmo ao lado da minha, queria dormir em cima do meu peito, bem junto a mim; assustava-se sozinha, e com muita facilidade, esticando os braços e as pernas como em desamparo... e tudo isso, e muito mais, evaporou com o tempo. Essas pedrinhas do caminho desapareceram.
Posso dizer que actualmente saboreio mais os dias com ela... tenho muito mais calma e isso dá-me espaço para a olhar sem medo... que algo não esteja bem, que eu não consiga perceber, que seja perigoso... Passados nove meses, olho para trás e penso como por vezes. não acreditei na bondade d'Aquele que a criou no meu ventre!? O milagre que Ele nos deu é tremendamente grande. E que venham mais meses, anos, décadas... e que eu esteja com a mesma Paz para gozar de cada instante. E que o tempo possa voar, mas o ninho, as raízes, se construam seguras... em laços profundos de amor.
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