Cor e Dor

O cor de rosa invadiu o universo azul cá de casa. Estava habituada ao mundo dos meninos. Há quem diga que não existe diferença entre educar um menino ou educar uma menina. Eu acredito que sim, que existe diferença. Ainda me lembro quando fui comprar o material escolar da primeira classe para o Guilherme e ele reclamou da capa do bloco de papel de desenho. Juro que eu nem dei conta do caso, não fosse ele a reclamar. Na capa estava uma fada... e isso é de menina. Eu, como estava habituada a comprar material para a menina que sou, nem dei conta do pormenor. Resumindo tive que ir comprar um novo bloco desta vez com um motivo mais neutro: um animal.
Bem, mas estava a contar que estava habituada ao meu menino. Não só nas cores que ele vestia, nos detalhes que ele preferia no bloco de papel, mas também ao seu carácter forte, rijo, resistente... e também pacífico, sereno... a Mariana tem-me testado com novas características. É sensível, chorona e reclama sem cessar por aquilo que quer até conseguir. Mas ontem não conseguiu.
Ontem fomos ao médico e foi vacinada pela primeira vez. Foi daqueles dias que não contam para a alegria de ser mãe. Aqueles dias que antes deles nascerem não fazem parte dos nossos sonhos, dos dias cor de rosa que vimos no nosso filme... Mas fazem parte. E têm de se viver, não dá para passar a outro.
Um dos testes pelo qual ela me fez (e faz) passar é o de chorar ao ponto de ficar completamente vermelha e com a respiração sustida. Foi o que aconteceu ontem no consultório, mas numa versão extrema. Pensei que ela desmaiava e eu a seguir. Mesmo depois de receber as duas vacinas injectáveis, uma em cada perna, e uma bebível e desta cena, o choro continuou. Mal conseguia ouvir o médico. E de tal modo foi que ficou cansada e adormeceu no carro, sem querer saber de mamar. O irmão, que nos acompanhou, ficou aflito por ela e dizia que não a conseguia ver assim.
Com o Guilherme era suave o processo. Ele não se queixava muito. Com ela, aprendo a conhecer limites meus que ainda estavam por explorar e a acreditar que Deus nos faz fortes nos momentos de aflição. É aí que nos superamos e que percebemos de que carne e espírito somos feitos. Nem sempre é fácil. Não. Mas sempre pode ser transformador.

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2 comentários

  1. Meninas e meninos são difetentes,sim
    Cada um com suas características, umas intrínsecas à natureza humana e outras que se incorporam vida afora. Tudo a ver com escolhas de cor, forma, tamanho, etc. Mas nada a ver com "rosa e azul",e por aí.Beijinhos. Mariana está linda!

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    1. Oi, Lúcia.
      Obrigada pela visita e pelo comentário.
      Volte sempre, que será sempre bem vinda.

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